Uma certa vez - disse um poeta - existia uma caixa, que continha um dos maiores segredos, segredos que poderiam fazer tudo o que conhecemos desaparecer da face da Terra em um milésimo de segundo.
A caixa foi confiscada a um garoto, juntamente com o segredo. Acontece que esse garoto possuia uma paixão, clara aos olhos dele, esquisita aos olhos de outros. Por um acaso, todos os outros tinham a audácia de chamar de esquisito tudo aquilo que vai além de sua compreensão e por isso vivem em meio a uma completa legião de "esquisitices". Simples e esquisito!
Ele tinha uma única missão: guardar a caixa, e o segredo, longe de.. ninguém! ninguém sabia da existência dessa caixa e desse segredo. Talvez seja a própria simplicidade da coisa que o induziu ao erro.
"Esquisito" de amor, o garoto entregou a caixa nas mãos de sua amada, como presente. Disse também para ela que ali havia um presente, juntamente com uma carta, que deveria ser lida assim que ela sentisse vontade.
Como todos os outros dias os dois se viram muito pouco, não dando tempo nem para dizer frases bonitas de amor. E seguindo o padrão dos dias, a jovem amada foi para o conforto de seu lar. Chegando lá pegou a caixa guardou em seu armário, pois não sentia vontade de ver o que continha naquele objeto de madeira.
Desde aquele dia eles nunca mais se viram, por obra do destino. Um foi para um canto do país, e, consecutivamente, o romance acabou.
Ela idosa, aposentada, nunca mais teve outro amor como aquele. Estava lá sentada na sua velha cadeira de balanço, lendo as cartas que guardou com carinho de seu antigo amado, até que sentiu uma dor no peito e veio a memória a caixa que havia ganhado. Pegou uma chave de prata que escondia de baixo de sua cama e abriu um baú. Um baú que seria vazio, exceto pela existência de um item, a velha caixa. Ela destrancou a caixa, mas não abriu. Sentou-se em sua cama que rangia, tomou fôlego e coragem e abriu a velha caixa.
Nela havia um coração, com uma faca enfiada e uma carta que dizia: "Meu coração sempre foi seu, no dia em que te perdi, você não abriu a caixa, pois não se emportava comigo e não tirou a faca, enfim morri."